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sexta-feira, 31 de maio de 2013

ESPERA DE INVERNO...

Conheci o calor e o fogo.
Paguei para ver se me queimava, e me queimei.
Sofri, sofro.
 Não sei quando vai passar.
Sei que passa, um dia passará.

Conheci céus tão estrelados.
Ouvi canções que tocavam dentro de mim sem fim.
Conheci olhares e sorrisos lindos.
Há, se pudesse jamais teriam fim!

Senti toques que despertaram um eu desconhecido em mim.
Saboreei sabores que jamais esqueci.
Mas...
Como chuva de verão, com a mesma força que veio, se foi.
Não entendo.
Como posso entender?

Hoje sinto apenas o frio de um cinzento e prolongado inverno.
Meus dias são noites.
Minhas noites viraram dia.
Minha manhã é cinza.
E as cinzas sou eu.

Quando penso que me encontro é aonde mais me perco.
Não percebo quão efêmero é o presente que já se foi.
Duradouro é o passado que já não se pode apagar.
Prolongado é tudo aquilo que já não se pode esquecer.

Longa é a espera de tudo que tenho pressa.
Longa é a espera do incerto que muito breve com o futuro se encontrará.
E dele o que se pode esperar?

Não vejo cores,
nem flores,
não sinto amores,
nem perfumes.

Sou como um cristal quebrado.
Tento juntar os mil pedaços espalhados pelo chão.
O mundo não para, nem vai parar para esperar os meus cacos juntar.
O mundo tem pressa e o meu castigo é esperar, o frio desse  inverno que não quer passar.

Apostei todas as fichas, nenhuma ficou para tentar acertar.
Nenhuma!
Talvez ainda seja cedo para dizer se realmente perdi , ou o que perdi dessa vida.
Talvez a perda seja o ganho.
Talvez o ganho... Minha maior perda.
Não há como saber.
Só me resta pagar pra ver.
Verei.

Enquanto isso...
Hoje o inverno é rei, soberano e absoluto.
Gela minhas mãos e acorrenta os meus pés.
Petrifica os meus dias, em surradas tentativas.
A esperança voa longe e não fala quando volta.

Tenho que seguir meu caminho sozinha.
Fruto da escolha que eu mesma fiz para mim.
Não culpo a ninguém, nem tampouco a mim.
Tinha que ser assim.
Um dia o sol há de voltar a brilhar.
E com ele virão novos risos, cores, sabores, quiçá novos amores.

O gelo vai derreter.
A esperança voltará por aqui.
O inverno vai passar.
E o sol voltará a sorrir.

Ana Cristina, 31/05/2013.