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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

UM OLHAR DIANTE DA POBREZA...


Após assistir a uma reportagem mostrando pessoas que vivem miseravelmente em nosso país, abaixo não somente do nível de pobreza, mas abaixo do nível de qualquer dignidade merecida, condições mínimas de higiene ou qualquer esperança, meu coração se compadece.
Inúmeros pensamentos vieram a minha mente, um deles me fez pensar que a maioria de nós, tantas vezes nos reclamamos de coisas tão banais, que não valorizamos o que temos como deveríamos, seja ele pouco ou muito. Reclamamos pela casa que não foi pintada nesse ano, reclamamos pelo carro que não trocamos, pela unha que não fizemos essa semana, por ter que economizar nas saídas dos finais de semana e jantares fora de casa. Reclamamos-nos por não comprarmos naquele momento o sapato de nossos sonhos, aquela roupa de grife que tanto almejamos, por não estar no melhor curso de inglês e quantas tantas outras reclamações não fazemos? Reclamamo-nos por não morar em um determinado bairro, pela família que temos não ser como queríamos, pela chuva que cai, pelo sol quanto esquenta, reclamamos pelo dia nublado, por estar no trânsito, por pegarmos ônibus, reclamamos por isso e aquilo, e nos esquecemos de agradecer, pois agradecer é tudo que raramente o fazemos, como se fosse mais fácil reclamar e ver problemas do que agradecer.
Vi imagens hoje que me apertaram ao coração, pessoas morando em casas de barro, descalças, comendo restos de lixo que pegam nos grandes lixões, brigando pelo “melhor lixo”, disputando esse privilégio com urubus e vermes. Pessoas sem rostos, sem nomes, esquecidas pela sociedade, pelo governo. Pessoas cujos sonhos são tão pequenos comparado muitas vezes ao topo de nossas ambições. Pessoas que vivem a mercê da sorte, cujo amanhecer vivo hoje é plena dádiva ou mais um dia para lutar pela sobrevivência. Pessoas que vivem no mês com muito menos do que às vezes gastamos num objeto sem tanta utilidade, uma roupa, um perfume. Pessoas que sabemos que existem, mas que preferimos fingir que não sabemos. Pessoas que tem rostos, nomes e sobrenomes, que estão ao nosso derredor, que fazem parte de nossa paisagem urbana, mas que não vemos, talvez seja melhor assim, não é mesmo?
Afinal já temos tantas coisas com que nos preocupar, temos tantos problemas, nossas contas para pagar, filhos para criar, a roupa que vamos usar na festa tal, os títulos que buscamos para ter melhor colocação no mercado de trabalho e tantas outras coisas, acordar na hora certa, enfim, cada um cuida do seu próprio mundo e suas próprias necessidades. Não quero dizer que tais preocupações e problemas não sejam relevantes, mas quero retratar apenas que a cada dia nos tornamos mais individualistas, competitivos e anulamos o coletivismo, o senso de compaixão ao outro que sofre bem na nossa frente, ai nos reputamos ao medo da violência, e assim seguimos nossas vidas cada vez mais isoladas e individualistas. Afinal evitamos tudo que pode vir a nos fazer mal, é um câncer social que a nosso ver já entrou em metástase e se assim o é, não tem cura, não há por que lutar e é melhor assim para não sofrermos por algo que não nos pertence. Já sabemos que o destino é o fim e que esse é só questão de tempo.
Bom seria se tudo fosse diferente, se houvesse realmente direitos iguais, acesso aos direitos básicos, seja a saúde, seja aos direitos humanos a todos. Na verdade as leis existem, mas na prática nem sempre funcionam como deveriam. Espero que essas palavras despertem pelo menos uma introspecção que nos levem a sermos mais gratos por tudo aquilo que temos e nem sempre valorizamos, a olhar aqueles que têm menos que nós com mais compaixão e humanidade, de podermos contribuir de alguma forma em nosso dia a dia tentando fazer o bem, sempre que possível, assim como muitos de nós que somos profissionais, exercer o ofício de nossa profissão não somente por dinheiro em benefício próprio, mas pelo outro, e de uma maneira a somar de alguma forma para constituição de uma sociedade e por que não para um mundo melhor?
Desejo um bom dia a todos, e bom final de semana!

Ana Cristina Moraes Ramos by
coisasdeanacristina

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